Ilê Ogunjá
Ilê Ogunjá- Casa de Candomblé localizada em Salvador, Bahia, fundada pelo sacerdote Procópio Xavier de Souza, também conhecido como Procópio de Ogum, o local onde se encontra a casa no bairro Engenho Velho de Brotas a atual Avenida General Graça Lessa é conhecida pela população pelo nome de Avenida Vale do Ogunjá em sua homenagem e de seu Orixá a palavra original é Ogum Já uma qualidade de Ogum do Candomblé Queto.
Em 17/08/1974 (Salvador/BA), foi fundada a Sociedade "Terreiro de Ogunjá". Sociedade Civil de caráter religioso e de pesquisa da religiosidade afro-brasileira, dando continuidade ao trabalho do fundador do Ilê Ogunjá. Sede: Fim de Linha, Luiz Anselmo no. 204 - Baixão - Matatu.
Procópio, no final do século XIX, foi iniciado para o ancestral Ogum,[3] pela sacerdotisa Marcolina da Cidade de Palha, de família religiosa (Axé) Ibomina Malê. Após, esse período, abriu seu próprio templo dedicado a seu eborá: Ilê Ogunjá.
O número de pessoas iniciadas, além da famosa feijoada anual oferecida na festa de Ogum (patrono do terreiro), que mais tarde ficou conhecida como "feijão do Procópio", bastante contribuiu para o reconhecimento do terreiro. O sociólogo Donald Pierson cita uma festa com 208 espectadores no interior da casa e, aproximadamente, outros duzentos "que movimentavam-se do lado de fora do barracão".[4]
Sobre a feijoada, conta-se: "Um dia Procópio estava comendo em sua casa. Chegou um filho de santo, com quem ele tinha brigado. Então, Procópio manda ele embora com outra briga. Com isso, comete um grande erro para o candomblé: negar comida a um filho de santo. O santo pegou Procópio e falou que ele estava multado. Na semana seguinte, ele deveria fazer uma feijoada no terreiro convidando todo o mundo" (Entrevista realizada com Mãezinha - afilhada de Procópio, por Ricardo Oliveira de Freitas). Colocava-se uma esteira no chão, na ponta da esteira a panela de barro com a feijoada. Todos deveriam, ali, comê-la. Ao tocarem na comida, todas as filhas de santo "caíam no santo". Não era uma feijoada como costumeira, mas uma feijoada com preparos, temperos e carnes especiais.
Outro fator fundamental para o seu reconhecimento foi o fato de ter participado da legitimação da religião dos orixás (do candomblé), durante a perseguição às religiões afro-brasileiras promovida pelas autoridades do Estado Novo.
Nesse período, o Ilê Ogunjá foi invadido pela polícia baiana, sob a supervisão do famoso delegado Pedrito Gordo. Procópio foi preso e espancado. O jornalista Antônio Monteiro foi uma das pessoas que ajudou na libertação de Procópio. Tal acontecimento - Caso Pedrito - registrou o nome de Procópio na história popular baiana, chegando mesmo a fazer parte de uma letra de samba de roda:
“ “Não gosto de candomblé que é festa de feiticeiro quando a cabeça me dóe serei um dos primeiros Procópio tava na sala esperando santo chegá quando chegou seu Pedrito Procópio passa pra cá Galinha tem força n’aza o galo no esporão Procópio no candomblé Pedrito é no facão.” “Acabe com este santo Pedrito vem aí lá vem cantando ca ô cabieci” ”
Esse caso conferiu-lhe notórias citações em obras de ficção. Tenda dos Milagres, de Jorge Amado, é um bom exemplo. Jorge Amado, que foi apresentado a Procópio pelo etnólogo Edison Carneiro, recebeu das mãos do sacerdote seu primeiro título na religiosidade afro-brasileira: ogã de Oxóssi. Assim Jorge se tornou um protetor do Ilê de Ogunjá. Jorge Amado e Carybé foram famosos que tomaram bori com Ogunjobi.
No filme Tenda dos Milagres, de Nelson Pereira dos Santos, no qual aparece um trecho de sua história, o personagem Procópio d'Ogum é interpretado pelo babalorixá Luís Alves de Assis, mais conhecido como "Luís da Muriçoca".
Além da perseguição policial, Procópio d'Ogum também não era aceito por alguns templos religiosos (axés), na Bahia. Era odiado e pejorativamente considerado homossexual, simplesmente porque, segundo esses axés hegemônicos, homem somente poderia ser ogã, e não iniciado para elegum (rodante). No entanto, por ser conhecido como "brigão", embora fosse uma pessoa tranquila, impunha respeito com energia (Procópio: notório homossexual, segundo o Grupo Atobá.
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