Eepa Òrisá!
Eepa Òrìṣà!Recentemente uma página que fala sobre Òrìṣà Ògíyán fez uma publicação afirmando que em Èjìgbò esse Òrìṣà recebe azeite de dendê como oferenda. Isso motivou uma grande quantidade de pessoas nos questionarem sobre.
É importante dizer que, respeitamos o trabalho de todas as páginas e regiões que falam sobre a Religião tradicional Yorùbá, é importante dizer que a mesma é plural.
Eu nunca interagi com sacerdotes de Èjìgbò e acredito que essa região pode falar melhor sobre esse Òrìṣà, porém, gostaria de compartilhar meu conhecimento como um iniciado no culto de Ọbàtálá (cujo o aspecto é Ògíyán) a 21 anos.
Dentro do meu conhecimento, Ọbàtálá é um Òrìṣà só, porém, o mesmo teve vários filhos e reencarnações aqui na terra, por conta disso, muitos desses filhos, ou passagens de Ọbàtálá pela terra, fez com que ele tivesse muitas manifestações, ou caminhos.
Os mais conhecidos, no Brasil, Òrìṣà Olúfọ́n e Òrìṣà Ògíyán são populares em algumas regiões Yorùbá.
É importante dizer que Ọbàtálá é chamado de Olúfọ́n por ter sido rei de Ifọ̀n e também teve um filho que reinou nesse local, tal como Ọbàtálá é chamado de Ògíyán por ter tido o inhame pilado como principal e predileto alimento.
Quando falamos de Ọbàtálá falamos de um Òrìṣà, Òrìṣà nlá, o ser espiritual que teria criado o mundo e moldado o corpo humano.
Quando falamos de Olúfọ́n e Ògíyán podemos estar falando seja do aspecto dessa divindade, ou de suas passagens pela terra. Um exemplo:
O Ògíyán cultuado em Ejigbo, provavelmente pode ser o ancestral Akinjole, que teria sido rei nessa cidade e teria tido sua existência relacionada a do Òrìṣà Ọbàtálá.
Nesse caso, mesmo sendo chamado de Òrìṣà, o que não é errado, estamos falando de um ser humano, que está relacionado a história da cidade, nesse caso, não é incomum que lhe seja ofertado dendê, embora, isso seja um tabu para Ọbàtálá e para as divindades de seu clã.
Nesse caso o que digo é, é importante separar o Òrìṣà ser espiritual chamado Ọbàtálá que também tem o apelido de Ògíyán (comedor de inhame pilado) do Òrìṣà Ògíyán que é um culto ao rei Akinjole.
Por mais que tenham relações, são distintos.
Por isso que tais informações podem estar confundindo as pessoas.
Na cultura Yorùbá muitos Reis foram associados aos Òrìṣà (seres espirituais). Um exemplo é o Aláàfin Ọ̀yọ́ Tella Oko, que foi associado ao Ṣàngó.
Na tradição ao qual eu fui iniciado, nenhuma pessoa é iniciada em Olúfọ́n e/ou Ògíyán, a pessoa é iniciada em Ọbàtálá e no ìta (terceiro dia do ritual) é identificado o aspecto desse Òrìṣà, que podem ser vários, não apenas os citados no texto.
Procedimento parecido ocorre no culto de Ọ̀ṣun, que possui vários aspectos e que ninguém é iniciado diretamente no aspecto e sim em Ọ̀ṣun, sendo o aspecto identificado no terceiro dia do ritual. (Exemplos de aspecto de Ọ̀ṣun: Ọ̀ṣun Ọ̀párá, Yèyé Iponda etc...)
Portanto, meu conselho, cultuem o Òrìṣà não baseados em postagens de Facebook, e sim baseado no que você aprendeu dentro de sua linhagem, pois, para tudo há um motivo e uma explicação, o que é tabu em uma região, pode ser comum em outra, por isso pertencer a uma linhagem e aprender com ela é o ideal para evitar equívocos.
Esse artigo não é uma resposta a página, que inclusive parabenizo por divulgar o culto de Òrìṣà Ògíyán e sim um esclarecimento sobre a minha visão sobre o assunto.
Plágio é crime
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Autor
Bàbá Elésire Awodélé Ṣówùnmí Ọ̀pẹ̀kí - Zarcel
Ire o!
Foto: sacerdotes de Ọbàtálá em Ilé Ifẹ̀
Fonte Internet.
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